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ANDARILHO 2​.​0

by Rui Oliveira Musica + DJ Deão

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1.
Pano-Cru 01:32
Ouve, meu amigo põe a máquina a gravar queria só explicar aqui que eu sou como o pano-cru como pano-cru eu ainda estou por acabar e como o linho vem da terra assim viemos eu e tu e como tu eu faço e amo e luto e dou e como tu eu estou entre aquilo que já fiz e aquilo que eu fizer eu sou de pano-cru
2.
De não saber o que me espera Tirei a sorte à minha guerra Recolhi sombras onde vira Luzes de orvalho ao meio-dia Vítima de só haver vaga Entre uma mão e uma espada Mas que maneira bicuda De ir à guerra sem ajuda Viemos pelo sol nascente Vingamos a madrugada Mas não encontramos nada Sol e àgua sol e àgua De linhas tortas havia Um pouco de maresia Mas quem vencer esta meta Que diga se a linha é recta
3.
Altos altentes carapinos carapentes Dá-lhe uma risada E caem-lhe os dentes Igrejinha pequenina Sacristão revolvedor A gente que nela mora Toda veste duma cor Carvalheira tem cem canos Cada cano tem cem ninhos Cada ninho tem cem ovos Quantos são os passarinhos
4.
Indo ió la sierra arriba Delantre de mia piara Indo ió la sierra arriba Delantre de minha piara Repicand`al mio caldeiro Remando mia samarra Repicand`al mio caldeiro Remando mia samarra Quando me sai uma lhoba Que era grande e parda Quando me sai uma lhoba Que era grande e parda E lhebou-me unha cordeira La melhor de la piara E lhebou-me unha cordeira La melhor de la piara Arriba seite cachorros Abaixo pera guardiana Arriba seite cachorros Abaixo pera guardiana Se m`agarrardes la lhoba Boa cena teneis gana E se non me l`agarrardes Cenareis com la caiata E corrian siete léguas Todas siete por arada E corrian siete léguas Todas siete por arada E al final das siete léguas Yá la lhoba va cansada E al final das siete léguas Yá la lhoba ya cansada
5.
Poemarma 02:56
Que o poema tenha rodas motores alavancas que seja máquina espectáculo cinema. Que diga à estátua: sai do caminho que atravancas. Que seja um autocarro em forma de poema. Que o poema cante no cimo das chaminés que se levante e faça o pino em cada praça que diga quem eu sou e quem tu és que não seja só mais um que passa. Que o poema esprema a gema do seu tema e seja apenas um teorema com dois braços. Que o poema invente um novo estratagema para escapar a quem lhe segue os passos. Que o poema corra salte pule que seja pulga e faça cócegas ao burguês que o poema se vista subversivo de ganga azul e vá explicar numa parede alguns porquês Que o poema se meta nos anúncios das cidades que seja seta sinalização radar que o poema cante em todas as idades (que lindo!) no presente e no futuro o verbo amar. Que o poema seja microfone e fale uma noite destas de repente às três e tal para que a lua estoire e o sono estale e a gente acorde finalmente em Portugal. Que o poema seja encontro onde era despedida. Que participe. Comunique. E destrua para sempre a distância entre a arte e a vida. Que salte do papel para a página da rua . Que seja experimentado muito mais que experimental que tenha ideias sim mas também pernas E até se partir uma não faz mal: antes de muletas que de asas eternas . Que o poema fique. E que ficando se aplique A não criar barriga a não usar chinelos. Que o poema seja um novo Infante Henrique Voltado para dentro. E sem castelos. Que o poema vista de domingo cada dia e atire foguetes para dentro do quotidiano. Que o poema vista a prosa de poesia ao menos uma vez em cada ano. Que o poema faça um poeta de cada funcionário já farto de funcionar. Ah que de novo acorde no lusíada a saudade do novo o desejo de achar. Que o poema diga o que é preciso que chegue disfarçado ao pé de ti e aponte a terra que tu pisas e eu piso. E que o poema diga: o longe é aqui.
6.
O Dia do Mar 03:27
O mar, não tem marés a medir. O mar que tudo junta tudo separando que todos vai trazendo e vai levando com vários planos. O mar sustenta a infindável aventura das ilhas que nele andam à procura dos seus oceanos. O mar, não tem marés a medir. O mar começa o seu dia em Santa Maria da Boa Viagem. Alarga para São Miguel ajeita o farnel e segue com a aragem. Arrima para a Terceira arranja maneira de molhar o bico. Na Graciosa dá beijos acalma os desejos e ala! Para o Pico. Aí conversa primeiro com um baleeiro do Dias de Melo. Engrossa-se a meio canal sorri para o Faial que dá gosto vê-lo. São Jorge pára nas Velas e faz um coral com nove cagarras. Nas Flores cumprimenta o povo encosta-se ao Corvo e estende as amarras. O mar, não tem marés a medir. O mar enorme qualidade de estar perto imensa negação do que é deserto neste cantar. O mar o sem razão mais forte deste mundo talvez por não pensar e ser profundo o nosso mar O mar, não tem marés a medir.
7.
Achégate a mim, Maruxa chégate ben, moreniña quérome casar contigo serás miña mulherica Adeus, estrela brilante compañeiriña da lua moitas caras teño visto mais como a tua ningunha Adeus lubeiriña triste de espaldas te vou mirando non sei que me queda dentro que me despido chorando
8.
Olha o Fado 03:26
Eu cá sou dos Fonsecas Eu cá sou dos Madureiras De ferro o puro sangue O que me corre nas veias Nasci da paixão temporal Do porto dos vendavais Cresço no fragor da luta Numa força bruta P'ra além dos mortais Mas tenho muitas saudades Certas penas e desejos E aquela louca ansiedade Como um pecado Meu amor se te não vejo Olha o fado Ora é tão vingativo Ora é tão paciente Amanhã é comedor Hoje abstinente Mentiroso alcoviteiro Doce e verdadeiro Uma vez conquistador Outra vez vencido Amanhã é navegante Hoje é desvalido Sensual aventureiro Doido e bandoleiro Somos capitães Somos Albuquerques Nós somos leões Os lobos do mar De olhos pregados nos céus De cima dos chapitéus Somos capitães Somos Albuquerques Nós somos leões Os lobos do mar E na verdade o que vos dói É que não queremos ser heróis
9.
Molinera 02:45
Molinera, molinera Bien te lo decía yo, Que la muerte de Manolo Iba ser tu perdición. Molinera, molinera Donde vienes tu temprano? Vengo de ver a Manolo Que me han dicho, que 'stá malo. Unos dicen que se muere Otros dicen que se acaba Otros dicen que no llega A las tres de la mañana.
10.
Já comi e já bebi Já molhei minha garganta Eu sou como o roxinal Quando bebe logo canta Rapazes quando eu morrer Levai-me devagarinho Na campa deitai-me àgua Por cima deitai-me vinho Um e um são dois - quem tem vacas espera bois Dois e um são três - ainda cá volto outra vez À porta do St. António Está um ramo de loureiro É uma pouca vergonha Fazer do santo tasqueiro Hei-de morrer numa adega Um tonel ser meu caixão Hei-de levar de mortalha Um copo cheio na mão Dois e dois são quatro - bela carne tem o pato Três e dois são cinco - vai do branco se não há tinto O vinho é coisa boa Nascido da cepa torta A uns faz perder o tino Outros faz perder a porta Se um dia perder a porta Seja com tal desatino Que vá dar a um lugar Onde se venda bom vinho Três e três são seis - posto Natal vêm os Reis Quatro e três são sete - quem não pode não promete O vinho mata tristezas A água cria lombrigas Quando vejo vinho puro Peço a Deus sete barigas Minha avó quando morreu Levou palma e capela Deixou-me as chaves da adega O vinho bebeu-a ela Quatro e quatro são oito - não há bolo como o biscoito Quatro e cinco são nove - canta o rico chora o pobre Cinco e cinco são dez - descansam as mãos trabalham os pés
11.
Que caminho tão longo! Que viagem tão comprida! Que deserto tão grande Sem fronteira nem medida! Águas do pensamento Vinde regar o sustento Da minha vida Este peso calado Queima o sol por trás do monte Queima o tempo parado Queima o rio com a ponte Águas dos meus cansaços Semeai os meus passos Como uma fonte Ai que sede tão funda! Ai que fome tão antiga! Quantas noites se perdem No amor de cada espiga! Ventre calmo da terra Leva-me na tua guerra Se és minha amiga

credits

released September 22, 2015

CREDITOS

Rui Oliveira: voz, guitarra, assobio, adufe
Rui Aires: programação de sintetizadores e beatboxes; efeitos sonoros; melódica na faixa 7; pandeireta na faixa 4; percussão na faixa 9; coros nas faixas 1, 8 e 10
Quiné: bateria e percussão (1,2,3,4,5,6,7,8,10,11)
João Martins: sax soprano; flautim e traverso (4, 5)
Pedro Joel: contrabaixo e baixo eléctrico (1,2,3,5,6,8)
Micaela Vaz:voz (11)
Ana Taipas: Gaita de foles na faixa (9)
Rodrigo Viterbo: Didgeridoo na faixa (11)
Armindo Fernandes: guitarra portuguesa (8)
Miguel Gonçalves: viola de fado (8)
Miguel Calhaz: contrabaixo (8)

Arranjos por Rui Oliveira e Rui Aires.
Arranjos de percussão por Quiné (1,2,4,5,6,7,8,10,11)
Produzido por Rui Aires e Rui Oliveira
Gravado em Maio 2015

Mistura: Rui Aires
Masterização: João Veludo
Fotos: Isabel Saraiva
Design: Nuno Jubero (Amplo)

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